Publicação

09/09/2022em Direito do Agronegócio
Tokens e blockchain chegam para modernizar o agronegócio

A tecnologia permite que agricultores vendam a safra no mercado internacional de modo mais simples e atestem a qualidade e procedência da produção

Colheitadeiras automatizadas, máquinas que podem ser operadas remotamente, drones que sobrevoam as propriedades para captação de imagens, identificam pragas e mapeiam áreas de difícil acesso à pulverização da lavoura. A tecnologia no campo vai além do maquinário. A blockchain e os tokens chegaram para modernizar o agronegócio. 

A blockchain é uma tecnologia independente, capaz de armazenar dados e transações de criptomoedas de forma criptografada. E os tokens são a representação digital de um ativo, seja dinheiro, propriedade ou investimento.  Em um exemplo simplificado a blockchain seria equivalente a uma instituição financeira, como o banco, já os tokens seriam o dinheiro, a moeda em vigor. 

De acordo com o advogado especialista em Direito do Agronegócio, Rafael Guazelli, essa tecnologia está otimizando os negócios do campo e gerando muitas melhorias.

“Os agricultores precisaram se adaptar à tecnologia para produzir e vender suas produções, e olha, estão fazendo isso muito bem. Na prática a blockchain funciona assim: os tokens lastreados em commodities representam a quantidade de uma produção agrícola. Então, o agricultor pode ‘tokenizar’ sua safra e vender de forma antecipada aos investidores”, explica. 

Uma outra possibilidade oferecida pela blockchain envolve o consumidor final e gera lucro para o bolso do produtor rural. Utilizando um aplicativo que faz a rastreabilidade de onde veio o alimento, ele pode dar uma “gorjeta” ao agricultor. 

“A ‘criptogorjeta’ pode ser enviada para o agricultor pelo consumidor final como forma de agradecimento ou reconhecimento pela qualidade do produto que chegou à mesa de sua família e está sendo consumido”, detalha o advogado.  

Além da confiança no alimento, a rastreabilidade ofertada pela tecnologia blockchain, atesta a qualidade e procedência de sua produção. No caso das frutas, a essencial rastreabilidade é uma obrigação legal e chama atenção no mercado internacional, por apontar um alimento com qualidade diferenciada e gera competição para as commodities.  

“Atualmente a rastreabilidade vigente no mercado agrícola acaba elevando o custo e dificultando a participação de pequenos produtores na implementação do processo. A tecnologia chega para reduzir essa barreira e permitir a participação deles na venda de suas produções”, garante o especialista. 

Empresas de grande porte do setor do agronegócio também podem utilizar a blockchain para criar estratégias nas atividades comerciais por meio de criptoativos. Com a participação contínua do agricultor em todo o processo de rastreabilidade por intermédio dos dados da lavoura, ela pode antecipar suas ações comerciais, de acordo com a previsão da colheita

 

A matéria foi repercutida no portal Agrorevenda, confira.